sábado, 5 de maio de 2012

Castelinho da Rua Apa



Uma edificação como esta há mais de 70 anos sem restauro,  só pode ser vítima de uma maldição de família.  Além de ser um caso não esclarecido, conta ainda com as distorções do tempo e inevitáveis alterações de dados que o "boca a boca" causa em qualquer história. Aqui vou tentar resumir essa história tão cheia de mistérios, para não correr o risco de propagar mais uma versão equivocada dos fatos e informações carregadas de sensacionalismo a fim de enriquecer o texto.  Se for do interesse do querido leitor, recomendo se jogar no papai Google e escolher a versão que mais lhe agrada do famoso ”Crime da Rua Apa”

  O Castelinho começou a ser construído por arquitetos franceses em 1912 a pedido do médico Vicente César  dos Reis, e ficou pronto em 1917, como um presente a sua mulher Sra. Maria Cândida Guimarães dos Reis, Dona Candinha. Com quem tinha dois filhos, Armando e Álvaro.
  A rica família que tinha o hábito de oferecer festas para a sociedade, também era proprietária do Cine Teatro Broadway, na Avenida São João, 566 - inaugurado em 1934 com uma grande cúpula de cristal, onde em 1935 foi lançada a grande novidade do ar condicionado em São Paulo.
  O Sr. Vicente César, faleceu em Março de 1937, dizem que após o  falecimento do pai, os filhos Armando com 43 anos e Álvaro com 45, que na época não residiam mais na casa dos pais, discutiam os futuros dos negócios da família e não entravam em consenso.
  Álvaro, de espírito aventureiro, que acabara de regressar da Europa com ideias ousadas, pretendia transformar o Cine Teatro Broadway em um ringue de patinação, mas o irmão mais novo, Armando, de espírito “sonso” discordava, pois já existia um ringue na cidade.
  Enfim, cheguemos aos fatos, no dia 13 de Maio de 1937, dois meses depois do falecimento do Sr. Vicente Cesar, foram encontrados na mansão, mortos a tiros, os dois irmãos e a mãe. Não se sabe o motivo, e quem disser que sabe, mente, pois as únicas pessoas que viram o que aconteceu morreram. A partir daí, a polícia que investigou o caso concluiu que Álvaro, que era o mais fanfarrão da história, teria atirado na mãe por acidente com 2 tiros nas costas (ãh? acidente com 2 tiros?) por tentar intervir na briga, depois atirou no irmão e depois se suicidou com dois tiros. (Ãh? Suicídio com dois tiros subestima demais o Tico e o Teco).
  Existe uma versão da dona que foi namorada do Álvaro na época,  Dona Baby, que jurava que seu amado era um anjo de pessoa e que o assassino era o Armando, seu cunhado dissimulado. Devota de seu eterno amor, dizem que depois do incidente, ela foi todo mês (é, todo mês) no cemitério da Consolação levar flores pro falecido, de 1937 até o fim de sua vida, em 1988. Gente, quanta flor!

  Técnicos e legistas acham que o assassinato teve um quarto elemento envolvido pela forma como os corpos foram encontrados, lado a lado. Enfim, existem tantas possibilidades dentro deste crime que eu gostaria de fazer um minuto de silêncio para agradecer ao advento das câmeras de segurança que temos hoje.
  Como os dois irmãos não tinham filhos, e na época Getúlio Vargas havia assinado uma lei que não permitia que herdeiros de segundo ou terceiro grau (sobrinhos, primos, etc) se apropriassem dos bens da família, então o Castelinho, assim como o Cine Teatro Broadway ficaram para a União, que locou a casa para outros moradores nos anos seguintes. Porém com a construção do minhocão, em 1971, o imóvel, assim como vários outros da região, perdeu potencial de investimento, e foi abandonado, levando-o à rápida e total deterioração em que se encontra.
  Atualmente, o Castelinho está sendo administrado pelo Clube das Mães do Brasil que ocupa um imóvel ao lado. A instituição já possui projeto de restauro do local e o castelinho já está inclusive coberto com lonas e tapumes, mas a obra aguarda patrocinadores e incentivos para seguir adiante. As sólidas estruturas da construção são os principais aliados do imóvel, que resiste bravamente.
 O imóvel foi tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo)  em dezembro de 2004.  Em 2009 a Justiça decidiu que a União deve preservar e reformar o imóvel, e o orçamento estimado da obra de restauro tende a passar de R$5 milhões.
  O estado de deterioração em que o imóvel se encontra consegue ser mais chocante do que o crime que ele sediou a 75 anos atrás. Alias, o abandono de toda a Rua Apa, compõe um cenário perfeito para o elenco da cracolândia e estampam a "cara de interessados" dos nossos governantes. É uma vergonha, mas acho que só um projeto privado pode salvar o Castelinho!

3 comentários:

  1. Finalmente ouvi a historia do Castelinho... Ouvi? quero dizer fiquei sabendo rsrsrsr. Eu fui em uma peça de teatro lá que foi muito legal a peça era em varias partes da casa e agente era levado de um lugar ao outro pelos artista...
    Foi muito legal.
    E esse teatro é aquele que tinha na são joao e depois pego fogo?

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  2. Ja viu esse clip do Holly Tree que foi gravado lá? Olha o Tito q nenê! http://www.youtube.com/watch?v=tW8qoMK1GbE

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