Curadoria

          Além de promover um registro artístico da Santa Cecília em 2012, a exposição Santa Cecília, Santa Insone tem a intenção de promover um encontro entre o passado e o futuro do bairro; de transportar a Santa Cecília para um estado de poesia vs realidade; de promover um sentimento de preservação, resgate, valorização ou readequação de áreas sucateadas e  de revelar uma Santa Cecília que nunca adormece.
        Hoje, devido ao fluxo intenso de rostos desconhecidos na região, moradores, trabalhadores, entregadores, freqüentadores e consumidores, o modo metropolitano de vida e o avanço da urbanização, a Santa Cecília encara uma relação de frieza e indiferença por parte de seus moradores. É um fenômeno de dissociação, e é considerado um processo inerente a metrópole. O ritmo acelerado de mudanças no ambiente tem dificultado a os vínculos entre a cidade e seus habitantes, impedindo o comprometimento e o sentimento de pertencer a algum lugar, como parte integrante do coletivo social. Em conseqüência os habitantes se perdem de si mesmos a partir da falta de identificação em relação ao ambiente em que vivem.
O sentido de pertencer ou de se reconhecer no bairro faz com que seus habitantes assumam a paisagem como algo seu, algo com que se identifiquem de forma coletiva. A falta dessa associação positiva entre a cidade e o cidadão faz com que, o distanciamento aumente, eximindo o cidadão de suas responsabilidades sobre ela.
          O projeto propõe, por intermédio da arte, uma participação ativa da população, a fim de resgatar a afinidade e intimidade com este bairro centenário da cidade de São Paulo. Vem articular os conceitos de vizinhança, vínculo, parentesco e freguesia, produzindo profundos enraizamentos, em direção a lógica de reunir o que está disperso.
A exposição coletiva promove um mosaico da paisagem da Santa Cecíla, a partir do repertório imagético de 10 artistas. Um microcosmo passível de interpretação, onde o visitante se reconhece.
            “Só a inteligência e o trabalho de um grupo (uma sociedade de amigos de bairro, por exemplo) podem reconquistar as coisas preciosas que se perderam, enquanto são reconquistáveis. Quando não há essa resistência coletiva, os indivíduos se dispersam e são lançados longe, as raízes perdidas, o bairro é implodido, deixando apenas resíduos no espaço.”  Aluísio Wellichan Ramos (mestre e doutor de geografia pela Universidade de São Paulo)




  
                                                                                                                                    Mariane Bonarde (Curadoria)

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